No sul do
Maranhão, uma cidade com apenas 5.000 habitantes tem características que são
explicadas em seu próprio nome. São Pedro dos Crentes tem uma das maiores
proporções de evangélicos no país.
O último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) de 2010 aponta 51% de habitantes evangélicos, contra uma média
nacional de 29%, apontada pelo Datafolha. Mas os moradores locais dizem que
esse dado está subestimado, e que os evangélicos são pelo menos 70% da
população.
Em suas poucas ruas, São Pedro dos Crentes tem dez igrejas
evangélicas, estabelecimentos comerciais com passagens bíblicas pintadas na
parede e apenas três botecos atendendo à minoria de “desviados”. A constatação
foi feita por Fábio Zanini, autor do blog Saída pela Direita, da Folha de S.
Paulo.
Outra característica é seu posicionamento político de direita,
em um estado majoritariamente de esquerda. Em São Pedro dos Crentes, Jair
Bolsonaro (PSL) teria sido eleito no primeiro turno, com 50,93% dos votos.
No segundo turno, o número foi ainda maior: 57,5% dos votos válidos.
No restante do Maranhão, só para comparar, Fernando Haddad (PT)
recebeu 73,2% dos votos. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que foi
reeleito no primeiro turno com quase 60% dos votos, teve só 14% de apoio na
cidade.
“A sociedade aqui não aceita muito as modernidades”, disse o
prefeito, Lahésio Rodrigues, 40 anos. Entre as “modernidades” estão o aborto, o
casamento gay e a ideologia de gênero nas escolas.
A fé da cidade é explicada em sua origem. Na década de 1940, a
fazenda São Pedro, de propriedade da igreja Assembleia de Deus, foi dividida em
lotes que foram doados para famílias evangélicas que vieram de fora, dando
origem a uma vila pertencente à cidade de Estreito (MA). Em 1994, houve a
emancipação e São Pedro dos Crentes se tornou município.
“A igreja
normalmente surge da cidade, aqui a cidade surgiu da igreja”, contou o pastor
Manoel Lima de Souza, titular da maior igreja do município.
Para ele, no entanto, pregar para uma cidade de convertidos é um
desafio. “Aqui as pessoas conhecem a Bíblia, inclusive crianças, que vão à
escola dominical aprender sobre ela. Tenho que me preparar bem para falar com
todos”, afirmou.
Entre as ramificações da Assembleia de Deus representadas na
cidade, estão Madureira, Convenção Geral, Seta, Guará e Comadesma, que é um
ramo local. Há ainda uma única Igreja Católica no município.
“Quando isso aqui surgiu, crente era besta-fera”, disse Pedro
Damasceno, um lavrador aposentado de 73 anos, que chegou criança ao povoado.
“Hoje, é uma cidade abençoada por Deus”.
É uma cidade relativamente pobre, mas com ruas limpas e
asfaltadas, boa estrutura de saúde e um comércio movimentado. A base da
economia é a agricultura familiar.
Não há delegacia de polícia, apenas um destacamento da PM. Ainda
assim, episódios de violência são praticamente inexistentes. Para o soldado
Wellington, o alto índice de evangélicos contribui para a cidade ser tão
pacífica. “Aqui dá um certo tédio. A gente sai pilhado da academia de polícia,
vir pra cá é meio frustrante. Não acontece nada”, afirma. (Fonte: Site Guiame)
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